terça-feira, 29 de abril de 2008

Imprudência ao volante se combate com lei?

Esta semana a MP 415/08 (Medida Provisória contra a venda de bebidas em estradas), finalmente foi votada no Congresso e recebeu as emendas desejadas pelos comerciantes de nossa região. Agora todos os comerciantes que estiverem em área urbana poderão continuar comercializando bebidas alcólicas. O ponto forte é que foram propostas emendas ao Código de Trânsito Brasileiro, sendo que agora o motorista não poderá ter qualquer dosagem alcólica no sangue (atualmente é permitido 0,5 g/l). Sobre isso eu conversei com o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes e Similares do Vale Histórico, Ernesto Elache.

Renato Fonseca - O que muda agora com a Medida sendo votada como lei?
Ernesto Elache - A mudança maior é acreditarmos que estávamos certos. A visita à Brasília, com os documentos enviados, repercutiu de maneira muito adeqüada. A multa e o prejuízo tem que ser pra quem bebe e está no volante, e nem pra quem presta serviço.

Renato - E neste período houve algum ponto positivo?
Elache - O mais positivo disso tudo é saber que cumprimos a lei. Não conheço nenhuma lei que foi multada por desacato durante este período. E hoje, vemos que está muito legal a união após a Medida, com profissionais e empresários buscando novas alternativas.

Renato - Alguns comerciantes, para driblarem o prejuízo durante a vigência da MP, diversificaram a oferta de serviços e produtos. Este seria também um ponto positivo, não?
Elache - Isso nós notamos durante o período dessa recessão, mas não podíamos comentar para que não dessem a entender de que estávamos a favor desta medida. Isso fez com que o comerciante procurasse outros caminhos dentro da empresa, para que ele encontrasse novamente aquele sucesso que ele acreditava estar apenas na bebida. E nisso, deram uma atenção maior ao cliente, ofereceram novos serviços, reformaram o mobiliário. E agora este comerciante pode enxergar, que existe no seu comércio um potencial muito maior do que ele pensava.

Renato - E agora que a turbulência passou, você acha que era mesmo necessária uma Medida Provisória assim para criar uma consciência na população sobre a bebida nas estradas?
Elache - Não era necessário, isso aí acredito que foi uma viagem de quem a fez. É uma responsabilidade que não compete. Nós representamos empresas prestadoras de serviço, onde a bebida é um complemento. Mas como o poder de caneta é o que vale neste país, foi feita esta Medida sem pensar nas conseqüências. Se ela continuasse, aqui na região, de Santa Branca até Bananal, teríamos 600 mil desempregados por aí. Isso é um universo!

Renato
- E algum comerciante fechou as portas neste período?
Elache - Temos apenas a notícia de que dois comerciantes fecharam as portas neste período. Duas lanchonetes que estavam iniciando, abriram durante a vigência da Medida e acabaram não agüentando. Mas aí também entra a questão da experiência na área, onde a pessoa ainda não possui o foco e o investimento realizado.

Renato - Agora a responsabilidade foi jogada sobre o código de trânsito, como você vê isso?
Elache - Esta é a única solução, adotada por países racionais. Há dois lugares onde as pessoas costumam sentir, o cérebro e o bolso. No caso do brasileiro, é o bolso. E o trânsito já é um local perigoso, com o uso do álcool então, vemos a situação que aí está. Mas no caso das empresas representadas pelo nosso sindicato, são restaurantes e hotéis, onde a pessoa senta para degustar um churrasco, para descansar, e a bebida é um complemento. A pessoa vai até estes locais com o intuito de passear, e passear faz bem.

O uso de álcool ao dirigir é responsável pela maioria dos acidentes nas estradas. Na região do vale histórico, o período de maior registro destes acidentes é na madrugada de sábado para domingo. Na última sexta-feira, dois carros se acidentaram em Guaratinguetá, na avenida Juscelino Kubitschek. No primeiro, o motorista passou em alta velocidade em uma rotatória e acertou o poste do semáforo. No segundo, o carro capotou e atravessou a pista, parando a poucos metros de uma loja de motos. Nos dois casos os motoristas estavam em alta velocidade e há suspeita de consumo de bebida alcólica.

Imprudência ao volante se combate com lei ou educação?

2 comentários:

Renan Chad Vieira disse...

Se o indivíduo comer um bombom que tem recheio de licor, estará cometendo crime?

Parabéns Renato, seu blog está bem escrito e é interessante. Acho que você deveria investir na sua carreira, de verdade!

Unknown disse...

Com educação !

Bom senso e responsabilidade do motorista também !

Bebida tem em todo lugar... não vai ser com essa MP que vão deixar de beber e depois dirigir !