segunda-feira, 21 de abril de 2008

Trapalhada com salários de servidores em Aparecida

Por: Renato Fonseca/ (foto: Renato Fonseca)
Imagine chegar na agência bancária no começo do mês para receber seu salário e encontrar o valor em dobro na conta corrente. Para o brasileiro, acostumado a encontrar apenas taxas e juros no extrato mensal, a situação parece impossível de ocorrer, mas ocorreu e está causando grande confusão na cidade de Aparecida.
A situação envolve de um lado todos os 1200 servidores municipais de Aparecida, e de outro, a Prefeitura e o Banco Santander, que possui a folha de pagamento dos servidores desde o ano 2000. O Banco mensalmente recebe da Prefeitura um arquivo com a relação dos funcionários e valores para crédito em conta corrente. A transmissão deste arquivo é realizada pelo departamento pessoal da prefeitura pela internet. Porém, no mês de março algo saiu errado. Em nota enviada à Câmara dos vereadores, a prefeitura admite que houve uma falha na transmissão do arquivo e ao tentar reenviar este arquivo, ocorreu a informação de duplicidade.
A Prefeitura ressalta no entanto, que conforme orientação do próprio banco, quando há falha na transmissão, o reenvio substituiria o arquivo anterior automaticamente. É prevista também uma conferência do arquivo pelo banco, o que aparentemente não ocorreu. Um dia após o crédito em conta, o erro foi notado pela Prefeitura, que informou o Banco.
O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Orácio Guedes, conta que o valor foi estornado dias depois, mas a maioria dos servidores já havia sacado toda a quantia. “Acontece que 80% dos servidores sacaram este dinheiro. Os professores esperavam o décimo quinto salário, que seria um residual da verba do Fundeb que a Prefeitura poderia depositar, eles acharam que o valor era sobre isso”. De acordo com Orácio, a folha de pagamento dos servidores gira em torno de R$ 1,2 milhões.
Embora o fato tenha acontecido há mais de um mês, as conseqüências foram sentidas apenas agora pelos servidores, pois o Banco não apenas lançou as tarifas proporcionais ao valor duplicado, como também considerou o valor duplicado sacado como uma espécie de uso do cheque especial, cobrando assim os juros referentes ao período utilizado.
O problema foi mais além quando os funcionários receberam o salário de março. Ao comparecerem no banco, outra surpresa. O crédito havia sido usado para cobrir o valor anteriormente sacado. Muitos servidores reclamam que esta compensação poderia pelo menos ser realizada em um acordo ou avisada com maior antecedência pelo banco.
Uma reunião foi realizada nesta terça-feira (8), entre o Sindicato e a gerência do Santander. De acordo com a assessoria do banco, o valor das tarifas e os juros serão estornados. O Sindicato nega este acordo e diz que o banco se recusou a disponibilizar um documento com o assunto tratado na reunião. Porém sobre o valor sacado por antecipação, o Santander informa que a responsabilidade é da Prefeitura, que creditou o valor erroneamente. Quanto às declarações da Prefeitura, de que o arquivo não teria sido conferido e substituído a remessa com problemas, o Santander informa que não irá se manifestar.

Nenhum comentário: