segunda-feira, 14 de julho de 2008

Pelo rio Paraíba, romaria fluvial chega a Aparecida

Texto: Renato Fonseca/ Fotos: Renato Fonseca

A Basílica de Aparecida recebeu neste domingo uma romaria diferente das milhares que visitam anualmente o santuário. Saindo às 7 da manhã do bairro Bom Jesus em Tremembé e navegando pelo rio Paraíba do Sul, mais de 200 pessoas entre pescadores e ribeirinhos em 50 embarcações chegaram ao bairro de Ponte Alta, em Aparecida. Trata-se da 19ª edição da Romaria Fluvial de Nossa Senhora Aparecida. Com o número de participantes menor do que o previsto – eram esperadas 75 embarcações - o percurso foi feito em 7 horas, reunindo também canoeiros de Pindamonhangaba e Potim.
Apoiada pelo Santuário Nacional há 5 anos, a história da romaria começa muito antes, no ano de 1986, idealizada pelo ‘seu’ Teodoro, que anos depois faleceu. O filho, Benedito Teodoro, assumiu a organização e após o seu falecimento a romaria continuou sendo realizada pela neta Ana Teodoro.
Nos últimos 22 anos a Romaria Fluvial deixou de ser realizada por dois anos, justamente após a morte de Teodoro. “Para ele o rio Paraíba era tudo, ele criou os filhos, criou os onze netos, tudo com a pesca e cuidando do rio. Inclusive antes de falecer, mesmo doente ele fez questão de participar da romaria”, conta Ana.

O evento vai muito além da fé e devoção, procurando despertar a atenção das pessoas para a preservação do rio Paraíba. “Hoje em dia é difícil viver do rio, tem muito pouco peixe, o rio tem muita cachoeira”, explica Ana, que ao falar de cachoeiras está se referindo aos trechos em que o rio apresenta diferenças no nível, como se fossem degraus, resultado da retirada descontrolada de areia pelas dragas.
A oportunidade de realização da romaria não é especial apenas do ponto de vista ecológico, mas histórico. Em conversa com nossa reportagem, Padre Agostinho Frasson lembra das origens da história da Padroeira do Brasil. “Tudo começou com os três pescadores, Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves, em 1717. Agora quase 300 depois temos uma romaria que lembra os pescadores e todo o povo ribeirinho, falando também de preservação”, lembra o padre.
Apesar do trajeto ser realizado dentro da normalidade, a organização enfrentou dificuldades para a edição deste ano. A situação atual do rio, com excesso de plantas aquáticas nos pilares de pontes e difíceis condições de navegabilidade atrasaram a autorização pela Marinha, fazendo com que pairassem dúvidas em relação a data de realização da romaria. Para os organizadores e para o Santuário Nacional, este transtorno foi responsável pela diminuição do número de participantes em relação aos anos anteriores.
O evento foi encerrado às 4 da tarde, com uma missa no Santuário Nacional.

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